Waldick Soriano |
Quem nunca se pegou com uma dor de cotovelo que foi acompanhada por uma música triste ao fundo? Ou que ama alguma música que nenhum conhecido gosta? Ou até tem aquele cantor ou banda que é fã mas não quer que ninguém descubra?
Pois é meus amiguinhos e amiguinhas vocês também são bregas e não se dão conta disso! Essa nova geração regada a "Gustavo Lima","Luan Santana" e outros cantorezinhos bonitinhos e fofinhos condena sem nem conhecer direito a música que é apontada como "Brega". Esse gênero também chamado por alguns de "Música Super Popular Brasileira" fez muito sucesso nos anos 60 e 70 nas vozes de Odair José,Fernando Mendes,Paulo Sérgio entre outros. Venderam milhares de discos,ficaram no topo das paradas de sucesso e tinham fãs fieis além da conta. E ai eu te pergunto, foram reconhecidos? A resposta é NÃO!
Não,porque eles eram taxados como músicos da classe pobre,suas músicas eram de dor de cotovelo,recebiam a alcunha de cantores de empregadas e é claro foram taxados como "cantores BREGAS". A elite na época preferiu muito mais se voltar para Elis Regina,Vinicius de Morais,Milton Nascimento e outros que hoje em dia são figuras mais do que carimbadas no hall dos artistas que são considerados patrimônios nacionais.
O engraçado é que um movimento musical brasileiro que teve um dos maiores impactos tanto no Brasil quanto no mundo que hoje é visto como tesouro verde amarelo, o "Tropicalismo" era constituído em sua maioria de músicos que idolatravam o Fernando Mendes e Odair José por exemplo. Caetano Veloso gravou várias músicas de seus companheiros "menos reconhecidos" e com elas foi ovacionado várias e várias vezes em diferentes épocas. Um exemplo mais que perfeito é sua versão da música "Você Não Me Ensinou A Te Esquecer" de Fernando Mendes que ele gravou para o filme "Lisbela e o Prisioneiro" que chegou em primeiro lugar nas rádios e na boca de todos,depois de mais de 20 anos de sua composição.
O "brega" também não é só romantismo ou melancolia cantadas de forma popular,mas também é parte da nossa história. Odair José foi um dos músicos mais censurados desse pais,já que suas músicas que quase sempre falavam de sexualidade como "Pare De Tomar A Pilula" eram consideradas como trilhas subversivas aos conceitos morais da época que a ditadura militar tentava implementar no Brasil.
Eu pessoalmente adoro esse gênero da música brasileira,sou romântico,sou brega e gosto de coisas antigas sim e não me contento em ficar escutando só o que me é empurrado pelas estações de rádio ou canais de televisão. Sou o cara que tem chapéu no estilo "Waldick Soriano",escuta "Reginaldo Rossi" no bar e pede a namorada em namoro tocando "O Meu Sangue Ferve Por Você",(sim eu já diz tudo isso).
Agora para aproveitar o clima do post uma dica cultural interessantíssima! O livro do jornalista Paulo Cesar Araujo, "Eu Não Sou Cachorro Não" que conta todos os detalhes e a história desse movimento tão pitoresco da música brasileira.
*Desculpem o atraso na atualização do blog,isso não vai mais acontecer!*